Tudo o que diria a uma filha !!!
Creio eu que a maternidade está longe de me alcançar outra vez e sei que a experiência que guardo é pouquíssima sobre filha mulher, e que os tantos princípios e valores que eu tenho de pouco me adiantaria. Não sei o que eu diria a minha filha quando ela me perguntar de onde vêm os bebês, ou que farei com ela quando tirar sua primeira nota baixa, e muito menos, como agir diante sua primeira crise existencial. Mas sei muito bem o que diria a ela quando tivesse que falar sobre a sua vida amorosa.
Para começar a treinar minha menininha desde pequerrucha não leria para ela contos de fadas de príncipes e princesas. Nada de sereia que cria pernas para poder viver junto do seu amado, de homem que é capaz de despertar a mulher do sono eterno somente com um beijo; queria que ela entendesse que não era necessário mudar para que alguém podesse ama-la e que o amor não mora no campo do impossível.
Quando ela fosse entrar na adolescência o primeiro conselho que lhe daria é para que ela jamais assistisse nenhum clássico dos filmes de chororô e nem ousasse se deliciar com as comédias românticas. Porque assim ela não iria esperar nenhum acontecimento inesperado para que aquele cara, que na verdade nem valia a pena, olhasse para ela; ou que aquele babaca que a magoou milhões de vezes percebesse com alguma das lágrimas que ela derramaria o quanto ela é especial e mudasse da noite para o dia com bombons e buquês. Sei que livrando a minha princesinha dessas ilusões deliciosas, as chances de ela ser encandeada pelas luzes do final feliz irão diminuir.
E no instante que ela crescesse mais um pouquinho e começar a querer desabrochar, iria lhe fazer pensar e talvez até confundir um pouco a sua cabecinha. Contaria que não é necessário fazer uso desse estereotipo de mulher difícil. Homem, homem que é homem, não se prende a isso. Claro que ela não precisava escrever na testa que está à procura de alguém. Mas o cara - que nem precisa ser o certo (basta ser homem de verdade), iria se interessar ou não por sua conversa, seus gostos, sua personalidade, além da sua beleza. Talvez assim ela perceberia que a conquista não é um jogo de pega-pega, sim de afinidade, de sorte.
E quando, por fim, ela entrasse na sua vida adulta chegaria a hora de lhe falar o grande segredo. Que na verdade, é a coisa mais simples do mundo: do seu mundo e do seu coração só ela saberia. iria lhe pedir, ou melhor, implorar para que largue de mão a opinião alheia e se importasse somente com o que sentia. Porque ela é que poderia saber o seu limite, só o seu coração conheceria, de verdade, o seu desejo mais íntimo e mais intenso. Quem sabe assim, ela ficaria mais perto do feliz para sempre.
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